Há tempos que me instigo a expor em algum lugar algumas palavras soltas, na ânsia da vontade. Sem compromissos diários ou mensais, apenas quando surgirem. Comecei no primeiro caderno velho com folhas em branco que vi, mas parecia não fazer sentido mais.
As pessoas não escrevem a punho, talvez porque exista mais poesia em um lugar como esse, onde se pode escolher cores, fontes, imagens que complementem seus pensamentos (ou o contrário). Acho isso incrível! E porque não? Está aqui acessível pra mim e para qualquer um que esteja disposto a contar ou mostrar algo.
Confesso que a iniciativa veio do medo. Medo de cair em um profundo esquecimento, de não deixar marcas e nenhuma história contada. Nesse universo paralelo posso ser autora, artista e até cineasta, posso ser o que quiser. No mundo material isso levaria mais esforço, tempo... Por aqui nem preciso escrever bem, escrevo qualquer bobagem e mesmo assim corro o risco de ser lida. Pelo menos os primeiros parágrafos.
Na verdade isso é um tanto quanto curioso pra mim. Não me interesso por literatura, o meu universo é imagético, observar, sentir a composição de cada lugar como se estivesse permanentemente dentro de um quadro. Mas aí como mulher ariana que sou, sinto uma vontade imensa de analisar verbalmente aquilo que às vezes não necessita de palavras. "Uma imagem vale mais do que mil palavras". Quem foi o estúpido que disse isso?
Eu como fotógrafa poderia ter isso como um mantra sagrado, mas como ser pensante discordo completamente! Veja essa imagem acima, o que se vê? Um criança brincando na água com um por do sol ao fundo. Não! É minha filha Ágatha brincando no mar de Itacaré na primeira férias em que o viu.
Essa imagem sozinha poderia sim dizer muitas coisas, mas quando lhe acrescento palavras, agrego sentimento e história.
A mesma coisa acontece quando se escuta a letra de uma música e depois descobre o porque que ela foi escrita, a sensação e os sentimentos provocados por ela tomam outra dimensão, boa ou ruim. (Jason irá discordar,rs)
É por isso que aqui escrevo. Na tentativa de somar algo mais a essas imagens produzidas por mim, que as vezes, por si só, não mostram o que eu vi.
Eu vi o desfrute da infância, vi a mim mesma nas infindas férias em Ilhéus
Eu vi seus olhos grandes e azuis de encontro com o outro gigante e igualmente azul
Um sentimento puro, sem dor , apenas vivendo a experiência de ver o mar pela primeira vez...
Em mim um duplo sentimento adulto e carregado
a vontade de estar dividindo aquele instante.
Pronto, o fiz.